domingo, 27 de fevereiro de 2011

Balada de um Palhaço

O ser e a alma

Peça teatral baseada em texto
de Plínio Marcos discute a condição humana.

“Eu não entrei na trilha dos saltimbancos por acaso, para ser um reles fazedor de graça”. A frase dá mostras da contradição e da angústia vivida pelo personagem  descrito na peça teatral “A alma do palhaço”, de autoria de Plínio Marcos, que será apresentada no Festival de Curitiba - no Auditório Carteiro Oswaldo Teixeira (Correios).

Um palhaço cansado das piadas de sempre, em busca de um sentido para o ofício de artista. Um ser humano a procura de significado para uma existência medíocre. O ponto de equilíbrio entre o ator e a sua condição de indivíduo. O processo de produção artística no limite entre tradição e ruptura a ética e a estética no contexto destas ambigüidades.

Tudo isso é o que oferece o trabalho desse expoente da dramaturgia brasileira, cujo texto recebe a montagem dos atores Braz Pereira e Edson Furlanetto, com direção de Regina Bastos.

A narrativa foi idealizada em 1985, durante a permanência do autor em um hospital, devido a um enfarte, e escrita em 1986. O palhaço Bobo Plin, um dos personagens da obra, era como Plínio Marcos costuma chamar a si próprio.

A montagem cênica alterna momentos cômicos e trágicos, mensagens de esperança e desencantos, refletindo a preocupação existencial do autor.

Ao final, o recado, nas palavras do autor: “Eu quero fazer minha alma”.


sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Morre aos 80 anos o dramaturgo Sérgio Jockymann

O jornalista, romancista, poeta, dramaturgo e ex-deputado Sérgio Jockymann, 80 anos, morreu na última Quarta-Feira (16), às 15 horas, de insuficiência renal, no hospital da Unicamp (SP). Desde o final de novembro ele estava em Campinas, onde vive a filha Luelin, 42 anos, para um tratamento de saúde. Há dois dias ele estava inconsciente, devido à rejeição de um tratamento de diálise a que vinha se submetendo.
Antes de ir para São Paulo, o jornalista vivia, já com a saúde debilitada, entre a praia do Campeche, no Sul da Ilha de Santa Catarina, e a praia do Siriú, ao lado de Garopaba, com a mulher Simone, 70 anos. Ele deixa cinco filhas Iria (60), Dafne (58), Heliana (59), do primeiro casamento, e Luelin (42) e Karel (38), do casamento com Simone, além de netos e bisnetos.
Segundo Simone, ele andava muito deprimido nos últimos anos, por causa da morte do filho, o jornalista André, em 2008, e devido a graves problemas jurídicos. “Ele ficou decepcionado depois de ter perdido, em todas as instâncias, para a Vivo, que usou um poema seu chamado Os Votos numa mensagem de final de ano, como se fosse do francês Victor Hugo”, conta Simone, acrescentando que o poema foi publicado em 30 de dezembro de 1978, no jornal Folha da Tarde de Porto Alegre, onde Jockymann trabalhava. “Ele não admitia a acusação de que uma obra sua era plágio”, conta ela.
Há um ano, Jockymann reagiu um pouco com o nascimento da neta Aurora, filha de Karel. “Ela era a Aurora da minha vida, costumava dizer pela manhã, quando via o sorriso da menina”, afirma Simone. Sérgio será enterrado amanhã (17), em Campinas, sem qualquer tipo de cerimônia, pois era um pedido seu aos familiares sempre que falava da morte, já que não tinha religião.
Sérgio Jockymann nasceu em Palmeiras das Missões em 1930 e completaria 81 anos em 29 de abril próximo. Jornalista desde os 17 anos, passou pelos principais veículos de Comunicação do Rio Grande do Sul, entre eles o Diário de Notícias, Caldas Júnior e RBS. Trabalhou também como autor de telenovelas e seriados de TV, além de ser autor de várias peças de teatro, entre elas Caim (1955), Tutu Marambá, Boa tarde, excelência (1962) e Marido, matriz e filial. Em 1980, sua peça teatral SpirosStragos foi publicada pelo Ministério da Educação e Cultura e obteve o 2º lugar no IX Congresso Nacional de Dramaturgia.
Conheça o poema Os Votos
Pois desejo primeiro que você ame e que amando, seja também amado. E que se não o for, seja breve em esquecer e esquecendo não guarde mágoa.
Desejo depois que não seja só, mas que se for, saiba ser sem desesperar.
Desejo também que tenha amigos e que mesmo maus e inconsequentes sejam corajosos e fiéis. E que em pelo menos um deles você possa confiar e que confiando não duvide de sua confiança. E porque a vida é assim, desejo ainda que você tenha inimigos, nem muitos nem poucos, mas na medida exata para que algumas vezes você interprele a respeito de suas próprias certezas. E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo para que você não se sinta demasiadamente seguro.
Desejo depois que você seja útil, não insubstituívelmente útil mas razoavelmente útil. E que nos maus momentos, quando não restar mais nada, essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.
Desejo ainda que você seja tolerante, não com que os que erram pouco, porque isso é fácil, mas com aqueles que erram muito e irremediavelmente. E que essa tolerância nem se transforme em aplauso nem em permissividade, para que assim fazendo um bom uso dela, você dê também um exemplo para os outros.
Desejo que você sendo jovem não amadureça depressa demais, e que sendo maduro não insista em rejuvenescer, e que sendo velho não se dedique a desesperar. Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e é preciso deixar que eles escorram dentro de nós.
Desejo por sinal que você seja triste, não o ano todo, nem um mês e muito menos uma semana, mas um dia. Mas que nesse dia de tristeza, você descubra que o riso diário é bom, o riso habitual é insosso e o riso constante é insano.
Desejo que você descubra com o máximo de urgência, acima e a despeito de tudo, talvez agora mesmo, mas se for impossível amanhã de manhã, que existem oprimidos, injustiçados e infelizes. E que estão estão à sua volta, porque seu pai aceitou conviver com eles. E que eles continuarão à volta de seus filhos, se você achar a convivência inevitável.
Desejo ainda que você afague um gato, que alimente um cão e ouça pelo menos um João-de-barro erguer triunfante seu canto matinal. Porque assim você se sentirá bom por nada.
Desejo também que você plante uma semente por mais ridículo que seja e acompanhe seu crescimento dia a dia, para que você saiba de quantas muitas vidas é feita uma árvore.
Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro porque é preciso ser prático. E que pelo menos uma vez por ano você ponha uma porção dele na sua frente e diga: Isto é meu. Só para que fique claro quem é o dono de quem.
Desejo ainda que você seja frugal, não inteiramente frugal, não obcecadamente frugal, mas apenas usualmente frugal. Mas que essa frugalidade não impeça você de abusar quando o abuso se impor.
Desejo também que nenhum de seus afetos morra, por ele e por você. Mas que se morrer, você possa chorar sem se culpar e sofrer sem se lamentar.
Desejo por fim que, sendo mulher, você tenha um bom homem e que sendo homem tenha uma boa mulher. E que se amem hoje, amanhã, depois, no dia seguinte, mais uma vez e novamente de agora até o próximo ano acabar.
E que quando estiverem exaustos e sorridentes, ainda tenham amor pra recomeçar. E se isso só acontecer, não tenho mais nada para desejar
Publicado no jornal Folha da Tarde, de Porto Alegre, em 30 de Dezembro de 1978

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

TEATROS PARTICULARES LANÇAM FESTIVAL INDEPENDENTE


A Associação dos Proprietários de Teatro de Paraná irá realizar de 16 a 27 de fevereiro o primeiro festival VERÃO NO TEATRO. O evento é uma iniciativa para promover a união dos teatros particulares visando o fortalecimento da classe teatral como um todo.
O início do ano é sempre uma época difícil para os teatros, pois a cidade ainda está em clima de férias e iniciativas que agitem o meio cultural são sempre bem vindas. Foi pensando nisso que a associação idealizou e irá realizar o evento.
O festival acontecerá nos principais teatros particulares da cidade, que compõem a associação: Teatro Lala Schneider, Sala Edson D´Ávila, Teatro Regina Vogue, Teatro Fernanda Montenegro, Teatro Paulo Autran, Teatro João Luiz Fiani, Teatro Cultura, Teatro Barracão Encena, Teatro Reikrauss, Teatro Rodrigo D´Oliveira, Teatro Pé no Palco, Espaço da Criança e Teatro Falec.
O festival é aberto a todas as companhias da cidade que desejarem participar. As inscrições e mais informações sobre o evento, poderão ser obtidas através do email contato@curitibaveteatro.com.br .
“Esperamos com essa iniciativa, contribuir para que Curitiba seja uma cidade cada vez mais ligada ao teatro, não só na época do tradicional Festival de Curitiba, mas sim o ano todo”, comenta João Luiz Fiani, presidente da associação e um dos idealizadores do evento.
Em breve os teatros participantes irão divulgar a programação oficial do festival que promete se tornar outro tradicional evento das artes cênicas de nossa cidade.
SERVIÇO – FESTIVAL VERÃO NO TEATRO. Evento independente promovido pela Associação dos Teatros Particulares de Curitiba. Inscrições abertas a grupos interessados, através do email: contato@curitibaveteatro.com.br