segunda-feira, 14 de agosto de 2023

Flores Dispersas – Fragmentos da Vida e Obra da Poetisa Júlia da Costa”

O espetáculo teatral “Flores Dispersas – Fragmentos da Vida e Obra da Poetisa Júlia da Costa”, com direção de Regina Bastos, é baseado na coletânea “Flores Dispersas”, publicada por Júlia da Costa entre 1867 e 1868. A peça revela a vida intensa, as paixões e os desencantos dessa que foi uma das primeiras representantes da poesia feminina paranaense. Segundo a diretora, “A vida dela é cheia de lendas. Pesquisamos nas fontes que consideramos mais seguras”.
A peça busca resgatar os grandes momentos da vida intensa de Júlia da Costa, conhecida como a poetisa das rosas. Uma mulher extraordinária que

viveu intensamente a sua época. Considerada uma figura controvertida, forte, decidida e à frente de seu tempo, suas publicações no entanto, foram a público sob pseudônimos como Sonhadora, Americana e J.C. entre outros.

"Não era uma mulher bonita, porém muito elegante e assim, atraente. Sabia tocar piano e escrevia poesias. Era a poetisa da cidade e publicava muitos artigos nos jornais. Talvez fosse a única mulher pensante de toda São Francisco e por isso, era tão temida pelos homens. Uma mulher que entendia sobre política, que escrevia poesias e críticas nos 
jornais, que ousava nas roupas e pintava os cabelos, que defendia ferrenhamente a monarquia e o imperador era uma ameaça a qualquer homem em sã consciência. Talvez Carvoliva pensasse assim. Talvez Carvoliva fosse um grande covarde."

"Ele, por várias vezes, jurou amor eterno e dizia ser capaz de enfrentar os boatos da cidade maldosa para ficar com Júlia. Mentiras sinceras não interessam a Júlia. Ela era uma mulher firme, inteligente e não gostava de esperar e quando, por exceção, esperou Carvoliva por os riscos desse amor impossível no papel, decepcionou-se. Ele fugiu do destino como um rato. Patético e humilhante."
Apesar de Júlia ter parado de escrever e perdido parte da visão depois do autoexílio, o tempo passado a quatro paredes – em que ela tinha somente a assistência de uma empregada, chegando a fechar as janelas com pedaços de madeira – não teria sido improdutivo. Foram encontradas depois de sua morte, colagens nas paredes, com muitas flores em papel seda, no que ela dizia ser uma antecipação para escrever a história de sua vida num romance, que infelizmente não se concretizou.

Essa referência às colagens, é utilizada no espetáculo na forma de painéis translúcidos, em que Regina Bastos e seu marido, o premiado iluminador Beto Bruel, imprimiram imagens representando objetos e a mobília da época. Por trás e diante da tela, os atores representam cenas dos poemas e da vida de Júlia. “Como vamos nos apresentar em espaços onde talvez não haja um palco, fizemos uma instalação que inclui tela e iluminação”, diz a diretora. Outra detalhe particular é o de que a peça mantém a linguagem antiga do século 19, com trechos extraídos das obra e das cartas de amor da poetisa.






Idealização Cia Insaio de Teatro
Realização Laurinha Produções

Texto e direção: Regina Bastos.
Elenco: Braz Pereira, Órli Carrara,
Vilma Fernandes e Susi Monte Serrat.
Cenário: Enéas Lour
Iluminação: Beto Bruel
Sonoplastia: Chico Nogueira
Figurino: Aldice Lopes
Maquiagem: Mozart Machado
Adereços: Irineu Klosowski.
Operação de Som e Luz: Elaine Pereira e Alan Cristian

Agradecimentos: Rafael Azevedo, José Barbosa,
Anaís Monte Serrat, Joel Murici, VinilSul e Laurinha.
Fotos/Beto Bruel

Nenhum comentário:

Postar um comentário